Luiz Severiano Ribeiro Jr. (1912-1993)
Luiz Severiano Ribeiro Jr. foi um empresário brasileiro nascido no Ceará em 1912.
Nascido no Ceará, no início do século passado, tinha apenas 4 anos de idade quando seu pai, Luiz Severiano Ribeiro Filho, entrou para o negócio de exibição cinematográfica em 1916.
Luiz Severiano Ribeiro Jr. formou-se na Inglaterra, na então cadeira de Bussiness em meados da década de 30 e viajou por dois anos pela Europa, tendo como destino final um curso de língua alemã em Berlim. Presenciou horrorizado o início do Nazismo e chegou a ser detido pela SS por fotografar e enviar para o Brasil as restrições a Judeus em lojas, cafés e restaurantes.
Formou-se na Inglaterra, na então cadeira de Bussiness em meados da década de 30 e viajou por dois anos pela Europa, tendo como destino final um curso de língua alemã em Berlim. Presenciou horrorizado o início do Nazismo e chegou a ser detido pela SS por fotografar e enviar para o Brasil as restrições a Judeus em lojas, cafés e restaurantes.
Luiz Severiano Ribeiro Jr. voltou ao Brasil antecipadamente, trazendo consigo a transformação causada pelo choque cultural europeu e pelo aprendizado nos bancos acadêmicos de Londres.
A busca pelo novo e pela transformação, traços já presentes em sua vida pelo exemplo empreendedor do pai, foram cristalizados como centro de sua personalidade.
Estava formado o cerne do homem, o norte de uma vida. Entrou imediatamente para as empresas da família e passados alguns anos o desejo de produzir filmes não encontrou apoio no pai, já então o grande Imperador da exibição no Brasil, que considerou o negócio de produção muito arriscado.
Com dinheiro emprestado, comprou sem alarde, como era seu estilo, as principais distribuidoras de filmes do Brasil, criando a UCB – União Cinematográfica Brasileira, e também entrou na produção, através da sociedade Atlântida Cinematográfica S.A., que fundou para iniciar, inclusive, o regime de co-produção cinematográfica do Brasil com outros países; e posteriormente assume seu controle acionário e monta um Laboratório de revelação de películas cinematográficas, a Cinegráfica São Luiz.
Estava formada a primeira e única cadeia de produção na cinematografia nacional, que organizou o cinema como indústria e deteve todas as fases de produção. Produzia-se na Atlântida Cinematográfica, revelava na Cinegráfica São Luiz, distribuía pela UCB e exibia no circuito do pai, o maior do Brasil. Esta experiência única na história do Brasil demonstra com nitidez o tino comercial, a visão empresarial e o senso de oportunidade deste excepcional brasileiro, que com competência e determinação ofereceu relevante contribuição para a cultura nacional.
O sucesso dos filmes da Atlântida Cinematográfica, ainda hoje não superados em termos de bilheteria, falam também da sensibilidade do produtor em apoiar uma linguagem com identidade própria e próxima do gosto popular em todas suas produções.
Os atores da Atlântida eram mais do que celebridades, eram famosos. Seus profissionais foram base artística e técnica de inúmeros veículos de comunicação que surgiram depois. A Atlântida é uma escola, ainda hoje respeitada e reverenciada.
A Hollywood brasileira ferozmente atacada pelos críticos de então por suas paródias, pelo formato e conteúdo de seus filmes, encheu de alegria milhões de Brasileiros que despretensiosamente ridicularizavam as críticas, lotando os cinemas e fazendo filas de virar quarteirão durante meses após os lançamentos.
O lado esquecido, mas não menos importante, da Atlântida é o do seus Cine Jornais que cobriram por cinco décadas o cotidiano Brasileiro e hoje constitui o mais rico, plural e maior acervo de imagens do Brasil. A orientação de Ribeiro Jr. era clara: seus cinegrafistas deveriam estar onde a notícia estivesse.
Um episódio ilustra uma importante faceta da personalidade de Ribeiro Jr; logo após a renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República a tentativa de impedir a posse de João Goulart foi objeto de veemente repúdia dos Cine Jornais da Atlântida que defenderam de forma firme a legalidade.
Após a posse, Jango o chamou e disse: Você me apoiou de forma firme e eu quero lhe oferecer um ministério, no que foi retrucado: apoiei porque era o certo e não preciso ser premiado por ter agido de acordo com minhas convicções.
Um homem de fortes convicções, convicções estas, que falaram alto quando decidiu encerrar as atividades da Atlântida e ingressar definitiva e exclusivamente nos negócios do pai.
A relação de admiração e amizade pelo pai e o amor por suas irmãs e família, aliados a uma fé inabalável, são considerações obrigatórias para quem deseja entender a vida de Luiz Severiano Ribeiro Jr..
Luiz Severiano Ribeiro Jr. veio a falecer em 1993.
Seu exemplo e de sua família para indústria cinematográfica nacional permanece renovado a cada ano em que o Grupo Severiano Ribeiro empreende, a mais de 100 anos ininterruptos de atividades e a Atlântida completa mais de 75 anos de fundação oferecendo ao público um projeto cultural de amplo alcance.
Livros:
VAZ, Toninho; BRAGA, Vinícius Chiappeta. Grupo Severiano Ribeiro: 90 anos de cinema. Rio de Janeiro: Record, 2007.
VAZ, Toninho. O Rei do Cinema: a Extraordinária História de Luiz Severiano Ribeiro, o Homem Que Multiplicava e Dividia. Rio de Janeiro: Record, 2008.
2 comentários sobre “Luiz Severiano Ribeiro Jr. (1912-1993)”