Mussum (1941-1994)
Antônio Carlos Bernardes Gomes, em arte mais conhecido como Mussum, foi músico, humorista e ator brasileiro nascido no Morro da Cachoeirinha, no Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro (RJ) no dia 07 de abril de 1941. De origem humilde, foi criado no morro da Mangueira e estudou durante nove anos num colégio interno, onde obteve o diploma de ajustador mecânico.
Pertenceu à Força Aérea Brasileira durante oito anos, ao mesmo tempo em que aproveitava para participar na Caravana Cultural de Música Brasileira de Carlos Machado. Foi músico e sambista, com amigos fundou o grupo Os Sete Modernos, posteriormente chamado Os Originais do Samba. O grupo teve vários sucessos, as coreografias e roupas coloridas os fizeram muito populares na TV, nos anos 70, e se apresentaram em diversos países.
Antes, nos anos 60, é convidado a participar de um show de televisão, como humorista. De início recusa o convite, justificando-se com a afirmação de que pintar a cara, como é costume dos atores, não era coisa de homem. Finalmente estréia no programa humorístico Bairro Feliz (na TV Globo, em 1965). Consta que foi nos bastidores deste show televisivo que Grande Otelo lhe deu o apelido de Mussum, que origina-se de um peixe.
Em 1969, Chico Anysio o leva para trabalhar em seu programa Escolinha do Professor Raimundo, ainda na TV Tupi. No mesmo ano, o diretor de Os Trapalhões, Wilton Franco, o vê numa apresentação de boate com seu conjunto musical e o convida para integrar o grupo humorístico, na época na TV Excelsior. Mais uma vez, Mussum recusa.
Entretanto, o amigo Manfried Santanna (cujo nome artístico é Dedé Santana) consegue convencê-lo, e Mussum passa a integrar o quarteto (que na época ainda era um trio, pois Zacarias entrou no grupo depois) que terminaria tornando-o muito famoso em todo o país.
Mussum era o único dos quatro Trapalhões oficiais que era negro (Jorge Lafond e Tião Macalé, apesar de também negros e atuarem em vários quadros com o grupo, eram coadjuvantes).
Apenas quando Os Trapalhões já estavam na TV Globo, e o sucesso o impedia de cumprir seus compromissos, é que Mussum deixou o grupo Os Originais do Samba em 1981, para se dedicar somente à carreira de ator. Com os Originais, gravou doze LPs, ganhando inclusive três discos de ouro.
Embora tenha saído do grupo de samba, Mussum não se afastou da indústria musical, tendo gravado discos com Os Trapalhões e até um solo dedicado ao samba.
Ingressou nos Trapalhões e estreia no cinema em 1976 no filme Os Trapalhões no Planalto dos Macacos. Seguem-se muitos outros filmes com o grupo, destacando-se O Rei e os Trapalhões (1980) e Os Trapalhões na Árvore da Juventude (1991). Fez sucesso no cinema e na televisão, durante duas décadas.
Uma de suas paixões era a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, todos os anos sua figura pontificava durante os desfiles da escola, no meio da Ala de baianas, da qual era diretor de harmonia. Dessa paixão veio o apelido Mumu da Mangueira. Também era flamenguista.
Segundo depoimento recente de Dedé Santana, Mussum era o único dos Trapalhões que, na frente das telas, não representava um personagem. O tempo todo, Mussum era ele mesmo: alegre, brincalhão, risonho, querido por todos. Também afirmou que Mussum era o único trapalhão que não precisava fazer o menor esforço para ser engraçado.
Mussum foi considerado por muitos o mais engraçado dos Trapalhões. No programa, popularizou o seu modo particular de falar, acrescentando as terminações “is” ou “évis” a palavras arbritrárias (ex: forévis, cacildis, coraçãozis) e pelo seu inseparável “mé” (ou “mel”, que era sua gíria para cachaça). Ele também tinha um jeito esculhambado, irreverente e descontraído engraçadíssimo, num momento gritando e bancando o valente, e noutro gemendo e chorando. Sua gargalhada e seu grande sorriso eram suas marcas registradas. Numa época onde ainda não havia o patrulhamento “politicamente correto”, Mussum se celebrizou por expressões onde satirizava sua condição de negro, tais como “negão é o teu passadis” e “quero morrer pretis se eu estiver mentindo”, além de recorrentes piadas sobre bebidas alcoolicas.
Mussum faleceu em São Paulo no dia 29 de julho de 1994, aos 53 anos, , de complicações decorrentes de um transplante de coração. Não resistiu a um transplante de coração. O corpo foi sepultado em São Paulo.
Deixou um legado de 27 filmes com Os Trapalhões, além de mais de vinte anos de participações televisivas.
1991 :: Os Trapalhões e a Árvore da Juventude
1990 :: O Mistério de Robin Hood
1990 :: Uma Escola Atrapalhada
1989 :: Os Trapalhões na Terra dos Monstros
1989 :: A Princesa Xuxa e os Trapalhões
1988 :: Os Heróis Trapalhões – Uma Aventura na Selva
1988 :: O Casamento dos Trapalhões
1987 :: Os Trapalhões no Auto da Compadecida
1987 :: Os Fantasmas Trapalhões
1986 :: Os Trapalhões e o Rei do Futebol
1986 :: Os Trapalhões no Rabo do Cometa
1985 :: Os Trapalhões no Reino da Fantasia
1984 :: Os Trapalhões e o Mágico de Oróz
1984 :: A Filha dos Trapalhões
1983 :: Atrapalhando a Suate
1983 :: O Cangaceiro Trapalhão
1983 :: O Trapalhão na Arca de Noé
1982 :: Os Vagabundos Trapalhões
1982 :: Os Trapalhões na Serra Pelada
1981 :: Os Saltimbancos Trapalhões
1981 :: O Mundo Mágico dos Trapalhões
1980 :: O Incrível Monstro Trapalhão
1980 :: Os Três Mosqueteiros Trapalhões
1979 :: O Cinderelo Trapalhão
1979 :: O Rei e os Trapalhões
1978 :: Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
1977 :: O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão
1976 :: O Trapalhão no Planalto dos Macacos
Fontes de Referência
Livros:
BARRETO, Juliano. Mussum Forévis: samba, mé e trapalhões. São Paulo: Leya Brasil, 2014.
FONSECA, Rodrigo. Renato Aragão: do Ceará para o coração do Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
JOLY, Luis; FRANCO, Paulo. Os Adoráveis Trapalhões. São Paulo: Matrix, 2007.
SILVA NETO, Antonio Leão da. Astros e estrelas do cinema brasileiro. 2. ed. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.
Internet:
HISTÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO. Mussum. Disponível no endereço: http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/mussum/
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