Ney Matogrosso
Ney de Souza Pereira, em arte mais conhecido como Ney Matogrosso, é um cantor, ator, diretor e produtor musical, iluminador e artista multifacetado brasileiro nascido na cidade de Bela Vista, fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, no dia 01 de agosto de 1941.
Como artista, demonstrou seus dotes artísticos desde criança. O contato mais intenso com a música, porém, só se deu na adolescência, quando participou de festivais universitários e integrou um quarteto vocal. Depois disso, Ney Matogrosso deixou a música de lado, passou a se dedicar ao teatro e chegou a se mudar para o Rio de Janeiro, em 1966, disposto a se tornar um ator de sucesso.
Durante esta época de transição, conheceu João Ricardo, que estava à caça de uma voz soprano para seu conjunto musical, o Secos & Molhados. Ney resolveu partir para São Paulo e incorporar o sobrenome Matogrosso (que já pertencia a seu pai). Em pouco tempo, o grupo ganhou projeção nacional e, cerca de um ano e meio após suas primeiras apresentações, os músicos já computavam cerca de um milhão de discos vendidos. O moço de Bela Vista, já com a maquiagem e os requebros característicos, havia se tornado atração controversa em todo o país, driblando o preconceito com uma presença cênica raras vezes igualada em palcos brasileiros.
Em 1974, poucos dias após o lançamento do segundo trabalho do Secos & Molhados, minado por conflitos internos, o grupo decidiu paralisar suas atividades. Ney, então, partiu em carreira-solo e, já no ano seguinte, estreou em disco e saiu em turnê com o polêmico show Homem de Neanderthal. Em 1976, foi lançado Bandido, LP com sonoridade mais simples e que trouxe em seu repertório os sucessos Bandido Corazón e Mulheres de Atenas, além de Trepa no Coqueiro e Pra Não Morrer de Tristeza.
Ainda nos anos 70, vieram discos e espetáculos como Pecado (de Da Cor do Pecado e Sangue Latino), Feitiço (Não Existe Pecado ao Sul do Equador) e Seu Tipo (Rosa de Hiroshima). Ney Matogrosso se firmou como intérprete recorrentes das obras de Chico Buarque e Eduardo Dussek (então um nome da renovação na música brasileira). Em 1980, realizou uma turnê promocional com o Secos & Molhados (que resultou em um disco ao vivo, gravado no Rio de Janeiro) e deu prosseguimento em sua carreira com Sujeito Estranho.
A década da abertura política no Brasil viu um Ney bastante ativo. Ele viajou a lugares como Argentina, Uruguai, Portugal, Israel e Itália (onde gravou com Astor Piazzola). Atuou em filmes Sonho de Valsa (1987) e Caramujo-Flor (1988). Apadrinhou a geração do rock brasileiro, desde Eduardo Dussek ao Barão Vermelho (que fez estourar, ao gravar Pro Dia Nascer Feliz) e dirigiu shows de RPM e Cazuza. Seus álbuns mais significativos deste período vieram em seqüência: Ney Matogrosso (1981), com o hit Homem Com H, Mato Grosso (1982), de Por Debaixo dos Panos, e Pois É (1983), que incluiu a impagável Calúnias? Telma Eu Não Sou Gay, versão de Léo Jaime responsável por lançar o grupo João Penca & Seus Miquinhos Amestrados.
Em 1986, ele surpreendeu as platéias na turnê A Luz do Solo, realizada sem fantasias ou maquiagem e com economia de rebolados. Foi o começo de uma fase em que a teatralidade ficava em segundo plano e a música assumia seu papel principal. Ney passou a se concentrar em um repertório mais clássico, com temas tradicionais como No Rancho Fundo e Aquarela do Brasil.
Depois de lançar seu primeiro Ao Vivo em 1989, Ney gravou em duo com o violonista Rafael Rabello (À Flor da Pele, lançado em 1990) e, abraçando novamente a inovação, uniu-se ao grupo instrumental Aquarela Carioca (em 1993, As Aparências Enganam). Desde então, sua trajetória prosseguiu linear e vasta em homenagens aos ídolos – como Ângela Maria (Estava Escrito, 1994), Chico Buarque (Um Brasileiro, 1996), a dupla Tom Jobim e Villa-Lobos (O Cair da Tarde, 1997) e Carmem Miranda (Batuque, 2001), quase sempre sob a direção musical impecável de Leandro Braga. E constantemente lançando novos compositores, como Pedro Luís e Fred Martins.
Como iluminador de espetáculos, tem supervisionado toda a produção da área em suas próprias apresentações e também merece destaque seu trabalho de iluminação e seleção de repertório no show Ideologia (1988) de Cazuza e no show Paratodos de Chico Buarque em 1993, ao que afirma: quero que as luzes provoquem sensações nas pessoas. Ney Matogrosso também tem atuado recentemente no cinema: estreou em 2008 no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar, e no filme Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha (2010), dirigido pela cineasta Helena Ignez.
Nos últimos anos, além de continuar fazendo show e lançando seus respectivos CDs/DVDs, vem trabalhando como ator em filmes como Homem-Ave (2010), Fca Carla (2011), O Primeiro dia de um ano qualquer (2012) e Poder dos afetos (2013), Olho Nu (2013), Ralé (2015), De gravata e unha vermelha (2015), Gosto de Fel (2016).
:: Filmografia como Ator ::
2018 :: Boni Bonita
2017 :: Não Devore Meu Coração
2016 :: Gosto de Fel
2015 :: De gravata e unha vermelha
2015 :: Ralé
2013 :: Olho Nu
2013 :: Poder dos afetos
2012 :: O Primeiro dia de um ano qualquer
2011 :: Fca Carla
2010 :: Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha
2010 :: Homem-Ave
2008 :: Depois de tudo
2005 :: Diário de um Mundo Novo
1988 :: Caramujo-Flor
1987 :: Sonho de Valsa
:: Filmografia como Ele Mesmo ::
2016 :: Lampião da Esquina
2014 :: O Samba
2013 :: Olho Nu
2009 :: Dzi Croquettes
2009 :: Alô Alô Terezinha
Livros:
DIP, Paula. Para Sempre Teu, Caio F.: Cartas, Conversas, Memórias de Caio Fernando Abreu. Rio de Janeiro: Record, 2009.
MATOGROSSO, Ney; MELLO, Ramon Nunes. Ney Mato Grosso Vira-Lata de Raça – Memórias. São Paulo: Tordesilhas, 2018.
Internet:
NEY MATOGROSSO. http://www2.uol.com.br/neymatogrosso/
5 comentários sobre “Ney Matogrosso”