O Ouro Branco (2009)
No final do século XVI, a Inquisição portuguesa chega ao Brasil. Surpreendidos, os moradores da Capitania de Pernambuco são incitados a denunciar práticas domésticas e religiosas associadas ao judaísmo e elegem Branca Dias, senhora de engenho, e sua filha Beatriz, a “Alcorcovada”, como os principais alvos das delações. Através de uma cuidadosa pesquisa histórica e iconográfica, o filme utiliza delicadas técnicas de pintura e requintados efeitos de animação para a reconstituição de cenas da época; que lhe conferem uma linguagem singular.
O documentário O Ouro Branco reforça e aprofunda a linha de atuação da Persona Filmes na recriação da cena histórica. Com 26 minutos de duração, o filme vai trilhar os caminhos que marcaram o surgimento dos engenhos de açúcar no Brasil, no século XVI.
Como parte do processo de criação do projeto “As Órfãs da Rainha”, o documentário será um produto autônomo e que enriquecerá a escassa produção brasileira voltada para as origens da construção do País. Sustentado em pesquisa detalhada de dados históricos, incluirá depoimentos de especialistas e a reconstituição de cenas. A iconografia do pintor Frans Post, o grande artista desse tempo, será central na proposta de O Ouro Branco.
O desafio a que se propõe a diretora Elza Cataldo é o de lançar um olhar singular sobre a história brasileira através das mulheres. A trajetória de Branca Dias é o fio condutor do roteiro, marcado pela conturbada vida desta cristã nova, senhora de engenho do século XVI e que foi denunciada ao Santo Ofício da Inquisição sob a acusação de judaísmo.
Eduardo Galeano, autor do livro As veias abertas da América Latina, entre outras obras seminais, chama atenção para a liderança que o Brasil ocupou na produção mundial de açúcar até meados do século XVII. Os capitais holandeses financiaram em maior medida o negócio, que foi, em resumo, mais flamengo do que português. Em torno do açúcar, a sociedade colonial brasileira floresceu na Bahia e Pernambuco e somente o descobrimento do ouro transferiria o seu núcleo central para Minas Gerais.
A realização de um filme histórico exige o cuidado de uma pesquisa aprofundada, assim como o conhecimento da iconografia e costumes da época abordada. O projeto do documentário “O Ouro Branco” reafirma essa estética já presente em trabalhos anteriores de Elza Cataldo, particularmente no filme “Vinho de Rosas”. A linguagem atenta aos detalhes e à sutileza dos movimentos conduz a um perfil de delicadeza visual, que pode se traduzir em singularidade.
O grande esforço exigido nos filmes históricos é uma das explicações para o panorama restrito da produção audiovisual nessa área no Brasil. Trata-se de uma lacuna artística frente a uma demanda expressiva, tanto do público em geral como das escolas. O documentário O Ouro Branco pode representar um instrumento pedagógico instigante e inovador, capaz de preservar a memória brasileira e valorizar a identidade nacional.
Por trás dos filmes, além dos atores, dos figurinos, das câmeras, da arte, do som e de outros elementos mais facilmente perceptíveis na construção qualquer longa metragem, há também um verdadeiro exército de profissionais dedicados a viabilizar cada detalhe do intrincado quebra-cabeça artístico, operacional, logístico e financeiro da produção audiovisual.
Veja logo abaixo a equipe técnica de O Ouro Branco (2009) que o portal História do Cinema Brasileiro pesquisou e agora disponibiliza aqui para você:
Direção: Elza Cataldo
Empresa Produtora: Persona Filmes
Patrocinadores: BDMG – Impacto Conservação e Limpeza – Banco Bonsucesso – Bonsucesso Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – Empresa Mineira de Hotelaria – Spress Informática – Master Turismo
Incentivo: Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte – Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizont
Brasil | Curta-metragem / Ficção (22 minutos, 2009
Livros:
Internet:
HISTÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO. O Ouro Branco. Disponível no endereço: http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/o-ouro-branco/